Tânia: atriz, leal, questionadora, sincera, irônica, exigente, fácil, radical, sensível, dura, intensa, controladora, generosa, egoísta, protetora, desapegada, aberta, ermitã, sensata e aventureira. "Sou todas em Uma" BEM VINDOS!


Oficina de teatro com Tânia Cavalheiro

TEXTOS

TE QUERO.


Não me venhas por metades. Não te dês a mim aos poucos.

Quero que entres em minha vida e nas minhas entranhas como o rio que rega a terra seca.

Não chegues devagar nem hesitante. Vem sem medos e sem lembranças.
Não peças licenças. Vem inteiro. Apenas chega.

Que cada centímetro de meu corpo seja sondado e beijado. Devagar, sem pressas.
O tempo já se encarregou de roubar o nosso tempo...

Meus seios vão te mostrar até quando.
Não precisa chicotes nem algemas, teu corpo já me aprisionou faz tempo.
Tuas pernas entrelaçadas nas minhas nos roubam o fôlego. Assim...

Quero tua boca trêmula, segura, sábia e sedenta cheia de urgências de minha pele.
Te quero sugando meus cheiros como a abelha suga o néctar da vida.

Nada é proibido. Tudo é agora. Deixa que a casa ao lado escute nossos sons!
São sons de amor, eles apenas têm inveja.

Teus poros arrepiados me mostram o teu caminho. Teu pescoço implora meus lábios.
Tuas mãos viajam, as minhas te completam. Meus olhos contemplam.
Nossos olhares se ensinam.

E no momento em que nos saciarmos, não digas nada.
Nenhum compositor chegará aos nossos sussurros.
Não existe música que se compare a nós.

Só o silêncio é maior que nós dois juntos.
(Texto de Tânia Cavalheiro).
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RITA


Rita foi filha única. Sua mãe nunca mais engravidou.
Desde pequenininha, era a filha que todos poderiam desejar.

Era um exemplo de virtudes, aquela menina!

O pai era major. Da velha guarda, por sinal, daqueles rígidos em seus deveres.
A mãe de Rita era dona-de-casa e beata.

Sim, assim mesmo: como fosse profissão ou descrição física.
Todos os dias ela e Rita iam à missa.
Exatamente às 6;45 saiam de casa e caminhavam as quatro quadras que as separavam da igreja, pois era pré-requisito trocar uma palavrinha com o padre antes do culto:

- “A benção padre Onófrio, os Santos precisam algo? Tem passado bem? Aqui estamos pro que precisar...”

Confessavam-se uma vez por semana.
Depois de fazer as orações diárias e retornar para o lar com o coração já limpo e preparado para as tarefas diárias: bordar, supervisionar as tarefas da empregada e da cozinheira, lustrar os sapatos do major, engomar o uniforme de Rita e orar antes de cada refeição.

Deitavam cedo, comiam pouco, e riam baixo. À mesa, claro que quase não se falava: apenas o indispensável.
Naquela casa decente se bebia apenas vinho, mas quando vinham visitas como o Padre ou outros militares, se colocavam as garrafas de licor na prateleira.

Doavam comida semanalmente e duas vezes ao ano - na entrada do verão e do inverno – faziam a grande doação de roupas.

Nada demais: coisas de bons costumes de gente decente. Era sempre Rita que entregava a comida aos pobres: a menina fazia questão e sentia uma satisfação imensa, dava gosto ver a sua carinha de enlevo ao ver a alegria daquela pobre gente. E o fazia com humildade, quase como se eles estivessem lhe prestando um favor.

Aos domingos – os domingos eram uma maravilha! - o major as acompanhava à missa.
Os três vestiam as suas roupas domingueiras, e lá iam, os pais de braços dados e Rita agarrada à mão do pai, aquele homem que aos olhos dela tinha 2 metros de altura (embora tivesse 1,72 m ) e era o mais forte do mundo.
Era uma diversão sadia encontrar os conhecidos, cumprimentar um por um e na saída trocar palavras amenas e perguntar pela saúde dos parentes mais idosos que porventura estivessem ausentes.
Porque só era compreensível ausência em caso de doença.

A mãe de Rita jamais – NUNCA - em toda a sua vida usara um decote sequer e tinha orgulho disso. Ninguém além do major vira seu colo, e isso só nas noites em que entrava alguma réstia do luar pela tramela da janela do quarto que ficava no primeiro andar do sobrado amarelo... Se bem que as folhas da figueira da calçada impediam toda a luz de entrar, então ela se permitia fingir que não via o que seu marido estava olhando.

Com esses costumes cristãos, familiares e decentes, Rita cresceu admirada e respeitada pela sociedade em que vivia e com o passar do tempo foi tornando-se curvilínea, mais alta e esbelta... Recatada como a mãe, a quem não puxara fisicamente, já que esta era bem mais rechonchuda e mais baixa. Sempre fora ótima aluna e como recompensa por sua extrema educação no colégio, trazia orgulhosamente o santo para casa pelo menos uma vez por mês. E sempre tirara as melhores notas em todas as matérias.

Aos 17 anos era alvo de cobiça e olhares cobiçosos de muitos rapazes, que tinham que contentar-se em olhar, sem que ela jamais retribuísse um olhar direto: esta sempre baixava a cabeça como faria qualquer moça decente. Havia muitas mães esperançosas em ter por nora uma moça como Rita: educada, discreta, tocava piano, bordava e falava francês. Os pais analisaram várias propostas diretas (e indiretas) mas foram descartando-as conforme estas iam aparecendo: Rita merecia o melhor marido que pudessem encontrar!

Até que um dia, o major, chegando em casa todo satisfeito, o peito inflado de faceirice, chamou sua mulher à salinha, fechou a porta e disse:
- “Sábado vem jantar quem creio, será nosso futuro genro! Mulher, por favor; capriche no cardápio”.

Começaram os preparativos da casa, que deveria estar impecável.
Cada cômodo da casa foi limpo, lavado e espanado: não poderia restar um grão de poeira!

Era um capitão com um passado irrepreensível, de boa família, ótimo soldo, bem apessoado e respeitado... O marido perfeito!

Convidaram os padrinhos de Rita, o Padre e o prefeito da cidade para impressionar mais um pouco e aguardaram com esperança que o capitão e Rita se entendessem. Desde sua chegada ele cobrira a moça com atenções discretas e elogios nem tão discretos à torta de mamão que ela mesma preparara. Após o jantar, todos foram para o salão onde conversaram, tomaram os licores e declamaram poesias. Depois de várias vezes solicitada, Rita tocou pianos e ela e o capitão trocaram alguns olhares e até educados sorrisos. Quando os homens quiseram fumar, as mulheres retiraram-se para a sala de bordados.

Já na segunda-feira seguinte o capitão perguntou ao major se podia visitar e cortejar Rita. Este, como era de praxe, disfarçando sua satisfação, disse que perguntaria à filha se seria de seu agrado. Rita, quando questionada, disse que ficaria encantada: se fosse da vontade de seus pais.

Começou o namoro que acontecia às quartas-feiras das 19 às 21 horas e aos sábados das 19 às 22 horas. Sempre – obviamente - acompanhados dos pais e de mais algum convidado privilegiado. Aos domingos se encontravam na igreja e duas vezes por mês o capitão voltava para casa com eles para desfrutar de um belo almoço em companhia de sua futura família. Nestas ocasiões, sentavam um ao lado do outro. Não ficaram a sós uma vez sequer: a virtude de Rita estava bem guardada.

Seis meses depois, numa festa apenas para as famílias, noivaram. Então sim já podiam andar pelas ruas de braços dados!
Trocaram beijos por quatro ocasiões nas quais a mãe de Rita fez de conta que ia à cozinha. Era sábia: apenas para dar-lhes cinco minutos de liberdade para que se conhecessem melhor, mas zelosamente manteve-se atrás da porta, espiando por entre as frestas...


Casaram-se um ano depois... O casamento foi um acontecimento!
Rita estava deslumbrante e transbordava discreta felicidade...

Ao entrar na igreja, levada ao altar pelo braço de seu pai, com um vestido imaculadamente branco, justo na cintura (“melhor não dar margem às más línguas que sempre as têm”) de longa cauda, o véu cobrindo o rosto e a grinalda coberta de flores de laranjeira, mais lembrava um anjo.
A missa foi longa: os noivos e suas famílias não mereciam menos e o padre caprichou!

A igreja ficou lotada, obviamente. Muitas mulheres invejaram a sogra da noiva:
- “Que nora de ouro ela conseguiu!”

Os convidados para a festa compareceram praticamente todos! Só faltaram os impedidos por algum problema de saúde ou viuvez recente. Todos enviaram os melhores presentes que podiam imaginar e pagar. A festa entrou madrugada afora com baile, a tradicional valsa inicial, bolo de três andares e sessão de fotos com os convidados, e claro, a tradicional foto dos noivos cortando o bolo.

Passaram a noite de núpcias no melhor hotel da cidade e no dia seguinte embarcaram para a lua de mel no Rio de Janeiro que durou 15 dias. Tudo transcorreu como era de se esperar: Rita era pura como se sabia e o capitão, bem, este não era muito solicitante. Estava interessado em dormir cedo para acordar cedo e ir caçar borboletas para a sua coleção.

Rita ficava na cama dormindo até mais tarde e pensando. Pensando “coisas”... Coisas nas quais ela tinha vergonha de pensar, e quando as pensava, seu corpo tremia e ela pensava mais e mais...

Na hora de fazer amor com seu marido, não sentira nada de especial além de um pouco de dor nas primeiras noites. Quando o capitão a possuía, fechava os olhos e ficava quieta; não fosse ele pensar que ela não era recatada. Mas sempre persistia a esperança de sentir um tremor pelo corpo... Sentir algo! Algo que a levasse a gemer de prazer. Mas isso, nunca aconteceu. Tudo acontecia bastante rápido e o capitão ia banhar-se logo depois.

Quando voltaram foram direto para a sua casa nova, de dois andares, pintada de azul claro.
A mãe de Rita se encarregara de verificar que tudo estivesse bem organizado e treinou bem os empregados que os serviriam... Tudo estava imaculadamente em seu lugar!

Rita, como todos esperavam, foi uma esposa perfeita. Sempre atenta às necessidades de seu marido, bordava, lia, tocava piano para ele à noite e deitavam cedo. Seguia indo à missa todos os dias, onde se encontrava com a mãe. Depois ia para casa cuidar dos afazeres domésticos e aguardar por seu marido que chegava invariavelmente às 18;45 horas todos os dias. Aos domingos, convidavam os pais deles para almoçar ou iam eles à casa do major, ou à casa dos pais dele.
Os futuros avós sempre perguntavam
- “Quando lhes dariam um neto”...
Pergunta à qual Rita baixava os olhos encabulada num um sorriso e tapando a boca com a mão.
Ficava vermelha! Não de vergonha, mas sim de outros desejos...
O capitão sorria, dizendo que estava fazendo a sua parte.

Suas vidas eram tranqüilas, previsíveis e sem surpresas. Até o dia em que o pai de Rita faleceu de um infarto fulminante. Ela, como boa filha, fez companhia à mãe mais tempo que o usual até que esta se adaptasse à sua nova condição de viúva. Ajudou a separar os pertences do pai que seriam doados, guardaram o que queriam conservar de lembranças e visitavam seu túmulo todos os domingos para orar por ele. Ambas guardarem luto fechado por um ano, mas a mãe de Rita nunca mais usou outras cores além do preto e cinza.

Rita continuava nas tardes de terças-feiras, com suas aulas de francês e com suas aulas de piano nas tardes de quintas, das 15 às 16. Aos sábados à noite o capitão a possuía como sempre: de forma respeitosa, metódica, rápida e higiênica.

Um ano depois do casamento, Rita perguntou ao marido se poderia ir à cidade vizinha um dia por mês, para ajudar a distribuir comida aos pobres. Ele disse que iria pensar, perguntou-lhe maiores detalhes... Iria no ônibus das 8, após a missa e voltaria no das 17, a tempo para estar em casa quando ele chegasse.
- “Sua mãe também vai?”
- “Não, a pobrezinha da mamãe já não tem ânimo para muita coisa...”

Dois dias depois ele consentiu. Sabia que ajudar deixava-a feliz, mas com uma condição:
- “Que isso não atrapalhasse suas rotinas”.

Rita agradeceu e até deu-lhe um beijo bem ousado na boca. E organizou-se para ir 15 dias depois dar ajuda aos pobres.

No dia marcado, se foi... Chegando lá, sozinha na cidade grande pela primeira vez, caminhou mais segura, mais solta, de cabeça erguida e decidida.
Foi perguntando aqui, perguntando ali, e depois de uma manhã inteira encontrou o lugar que procurava. Ficou espiando do outro lado da rua, vendo como era o movimento, quem entrava, quem saia, analisando que tipo de gente era, até que entrou lá e foi acertar os detalhes. Sua primeira visita seria dentro de um mês!

No seu primeiro dia, no primeiro andar, num quarto (de cortinas escuras, espessas e velhas) ficou horas e horas deitada naquela cama. Foi possuída, subjugada em várias posições, lambeu e foi lambida... Teve os cabelos puxados e sentiu-se realmente amada pela primeira vez na vida! Naquele dia teve três clientes. Pela primeira vez sentiu o prazer de olhar um homem nu, de tocar e explorar seus corpos, de sentir nos seios, na barriga e na boca, o gosto e a textura de seus fluídos. Nenhum deles se lavara após sair saciado de sua cama de lençóis vermelhos.

Ela tomou banho e se recompôs tomando, no entanto, o cuidado de pouco lavar suas partes íntimas... Chegou em casa no horário combinado com seu marido, mas antes, passou na igreja e discretamente, sem que ninguém a visse, depositou o dinheiro ganho com seu trabalho na caixinha de doações da paróquia.

Essa rotina repetiu-se por mais três meses, para prazer completo de Rita. Ela, agora, tinha a alegria mais espontânea, o riso mais solto, a pele mais viçosa que nunca, o andar mais firme... Cumpria suas obrigações cantando, ficou mais simpática com os empregados e até mais carinhosa com o capitão, que não cabia em si de feliz. “Como era generosa sua esposa, uma mulher que era um poço de virtudes!”

Quando Rita anunciou sua gravidez, o capitão foi parabenizado por todos os conhecidos, familiares e pelotão.
Ele ria com o peito estufado de satisfação por seu mérito e agradecia.
Rita foi aconselhada a fazer mais repouso e as famílias do casal alcançaram a satisfação máxima!

Ela? Ainda continuou dando “comida aos pobres” por mais dois meses. Depois, finalmente saciada, decidiu dedicar-se para sempre exclusivamente ao lar e sua imaculada família, com a sensação de “haver feito a sua parte”.

O casal de gêmeos, parecidos com a mãe, nasceu de parto normal depois de 12 horas sem que Rita soltasse um grito sequer. O tempo todo, um quase sorriso nos lábios. Por tudo isso, foi mais admirada ainda!

Tânia Cavalheiro
(19/02/2003)

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GASTEI A MINHA MÃE!


(Hoje vamos esquecer que existem aberrações que jogam no lixo suas crias, pode ser?)
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Já nasci dando trabalho!
Não lhe dei tempo de chegar ao hospital e nasci ali mesmo, apressada, na calçada da Beneficência Portuguesa!
Meu pai aos berros, chamando enfermeiras, hahaha...

De tanto trabalho que dei, acho que a “gastei” ou, como ela dizia:
a fiz
criar cabelos verdes e chorar lágrimas de sangue”!

O nome de minha MÃE: Ormandina.
Mas gostava que a chamassem de Dina.
E sua palavra era lei.

Esta é uma homenagem à todas as MÃES:
Catias, Rovenes, Nancys, Andréas, Janaínas, Fernandas, Anas, Giovanas, Paulas, Donas Marias, Lucys, Leilas, Wilmas, Bettinas...

MÃE ama a cria!
Não importa que seja caolho, burro, cafajeste, preguiçoso...
Elas sempre os acham perfeitos.
Só ELAS podem criticar!... AI DE QUEM OUSE!

À todas aquelas que não pariram, mas criaram com AMOR e então, são mais MÃES ainda!
Às que amparam, educam, orientam...
Às que ainda vão parir!
Tem as MÃES que optaram por não parir, nem adotar, nem criar, mas espalham carinho...

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Dina, viúva aos 45 anos, jamais voltou a casar:
medo de botar um homem estranho perto de minhas quatro meninas, meus tesouros!

Na verdade, nunca deixou de amar meu pai,
LUIZ CAVALHEIRO...
Que maravilha sermos os cinco filhos de um amor tão grande!
Dina e Luiz fizeram esta prole enorme e unida!
Cinco filhos, um monte de netos e bisnetos, todos honrando seu nome!
Estamos todos BEM, obrigada pelo MAR de AMOR!

Dina tinha mãos calejadas de trabalhar a roupa e fazer balas de mel, que vendia nos armazéns do bairro pra sustentar com honra sua cria!
Estas mesmas mãos se tornavam delicadas pra tocar seus filhos...
Uma leoa pronta pra defender nos defender, que sempre nos manteve sob seu olhar vigilante...

Seus olhos azuis, claros como céu em dia de primavera, enxergavam muito mais que telescópios.
Eles VIAM as almas das pessoas.
Com suas armas; sagacidade, inteligência e determinação,
decidia com quem podíamos (ou não) fazer amizades...
E seu não era NÃO.

Me vestia de organdi, rendas e esperanças.
Enrolava meus cabelos em cachos de cascata...
Trabalho jogado fora: cinco minutos depois, eu subia em telhados, muros, árvores...
Eu gostava mesmo era de jogar bolinha de gude com os meninos, correr atrás da bola mais que eles!
Ela observava aquilo tudo com olhos preocupados:
“Essa caçula será a pior de todos”.
Fui!... Ou melhor: ainda sou.

A boneca que me deu, que caminhava e virava a cabeça?
Troquei-a (no outro dia) por um pião, porque eu queria coisas que fossem mais longe que minha imaginação...
Entendes agora, mãe?

De “pobre” não tinha nada; era NOBRE!
Nunca foi à escola, mas lia livros e mais livros, enquanto cozinhava, lavava a roupa (que cuarava!) ou limpava o chão.
Sua cultura aumentava...
Nos levava ao cinema, e (surpreendentemente!) sabia os nomes dos atores e dos diretores.
Contava história de Dorian Gray, Beethoven e Pasteur...
(Onde aprendeu tudo isso?!)
Obrigava-nos a saber a tabuada e as capitais do mundo todo.

Fazia questão de boas maneiras: tínhamos que caminhar com costas retas e a cabeça elevada.
A “roupa interior” tinha que estar impecável, como mãos e sapatos!
A roupa podia ser simples, os sapatos NÃO.
É pelos sapatos que sabemos do caráter de uma pessoa; queres ser mal julgada”?

Linda, loira, altiva: não se curvava perante nenhuma dificuldade que a vida apresentasse. Sempre encontrava uma solução!...
Por mais louca que parecesse a solução, sempre resolvia!

Ciumenta, desconfiada e possessiva com seus afetos, era o ser mais generoso ao presentear seus filhos; pra eles só o MELHOR!

Genro nenhum era bom o suficiente...
 “Quer namorar? Depois dos 15 pode!
Na sala, comigo sentada na poltrona da frente!...
E só então poderás usar saltinho e pintar as unhas”...
(Chata!)...

Como toda mãe, falava sempre:"não esquece da chave."
"leva casaco que vai esfriar de repente."
"te comporta."
"vai chover, leva o guarda-chuva!"
(Elas são até meteorologistas?!)

"Obrigada, com licença, por favor": palavras obrigatórias!

"Na casa dos outros, come tudo pra ser educada".
"No restaurante, deixa um pouquinho no prato pra não parecer esfomeada"...
Mães são cheias de regras; e eu repeti com meus filhos... "SEGURA OS TALHERES DIREITO PRA COMER!
 Tivemos que viver cada período da nossa vida, obedecer muitas regras e aprender que cada um arca com as consequências de seus atos.


Nos botava de castigo e não ficamos nem um pouco traumatizados com isso, sabia?
E como levei castigo!

Aquela mulher que nasceu numa casa bem simples em Sta. Vitória do Palmar, conheceu o mundo e aprendeu a gostar de andar de navios italianos, Mercedes e a tomar chá na mesma confeitaria que a rainha da Inglaterra...
Aliás, foi operada pelo mesmo médico de Elizabeth e fazia questão de contar isso!

Certa vez, ao ir me ver no teatro, meu amigo e diretor Zé Adão Barbosa foi ao camarim e nos disse, encantado:
aquilo não é uma mãe: é uma diva! Veio de kaftan e sapatos dourados”.

Essa era minha mãe...
Acabo de descobrir que minha mãe era perua !
Que bom... Saí à ela!

Sempre achamos que por gostar de aparecer, levaria meses pra morrer... Chamando atenção, claro!

Nos surpreendeu ao fazê-lo como a DAMA que era:
decidida e sem comunicar, tal qual como quando viajava sem nos avisar e nós loucos de preocupação, enquanto ela estava em Punta del Este, bem faceira...rsrsrs
Sexta-feira, 18 de agosto de 2001, ao final da tarde; seu dia e horário preferidos!
Sem dizer adeus nem dar satisfação às minhas tentativas em lhe dar meu ar pra que sobrevivesse...
BOA IDEIA, MÃE!

Respeitamos suas ordens: nada de tubos indignos
nem coroas bregas!
Suas cinzas permanecem no mar, sua mãe Iemanjá....
Como RAINHA que era, a vestimos de dourado, brincos e colar pra sua última viagem.
Mas no almoço daquele dia, ainda comandou o cardápio...
Com o dedo em riste!

MÃE; estejas onde estiveres, sei que estás BEM e sempre serás minha DIVA, meu guia, meu guru e minha heroína!

Saudade do teu colo, da tua enorme sabedoria, do teu poder infinito, da tua garra, do teu cheiro, de teus conselhos, de teus sonhos de grandes realizações pra seus filhos...

FELIZ A MÃE QUE FOR PARECIDA COM MINHA MÃE...

PARABÉNS PRA TODAS ELAS!
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RIO DE JANEIRO - 7/4/2011
Isto não é um artigo, não é um texto.
É desespero.
Um louco entrou numa escola e matou 12 crianças!
É medo de saber que meu neto vai pra escola todos os dias.
É pavor por milhares de crianças; todas são inocentes!
É uma dor que não passa...

Alguém sabe me informar quantas crianças, no mundo,
já foram assassinadas em escolas?
Busquei esta informação e não achei...
Tenho medo da resposta!

Rio – Doze (12) corpos de vítimas do ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, já foram reconhecidos pelas famílias no Instituto Médico Legal (IML). Outros três corpos ainda não foram identificados. (UOL)”

Num “surto psicótico paranoide delirante alucinatório sociopata", o monstro entrou numa escola disparando contra crianças de 12,
13, 14 anos...
Quase trinta alunos foram baleados.
Ele mirava na cabeça.

Uma das coisas que mais me chocou foi uma menina dando entrevista, repetindo sempre a mesma coisa para várias emissoras. Parecia um robot!...
Quando eu era criança, se alguém morresse atropelado, já ficávamos chocados!!!
Nossas crianças se acostumaram com o crime?!

Você aí: está estressado?
Se pensar em fazer algo parecido, vai alegar que sofreu algum tipo de perseguição na escola?
Quem de nós não passou por isso?!
Não é motivo pra matar ninguém.
VÁ SE TRATAR URGENTEMENTE.
Louco é LOUCO e ponto.
Não venham me falar em “islamismo”!

A mídia vai explorar essa tragédia até o próximo horror.
“Observe mais 187 fotos dos pais em desespero”...
“Só aqui, novo vídeo de crianças se escondendo embaixo das mesas da escola”...

Fecho a TV, desligo os jornais e vou tomar um
calmante pras mãos.
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AMOR e PAIXÃO se confundem...Se fundem.

Ou não?

PAIXÃO:

É quando a VIDA arromba a vida da gente sem pedir licença !
Susto....as pernas tremem...aquele frio intenso na barriga....
Corpos suados....coração disparando loucamente!
Pernas entrelaçadas...
Aquela boca... "aquela boca" traz inimagináveis promessas!
O beijo prolongado com sabor de mil delícias proibidas!
Corpos sedentos, precipitados, urgentes...
Sede insana um do outro...
Mãos divinas na pele ardida...
Quer que acabe logo e não termine nunca!


Diz a ciência que a paixão só dura 4 meses...
Será?!

AMOR:

É cuidar, zelar, defender, apostar, tomar partido e até se sacrificar pelo ser amado.
É o beijo sereno, calmo...
Ausente de pressas ou cobranças.
É doação total. Incondicional...
É ir ao super e comprar o xuxu que o outro gosta...
mesmo que "a gente" não curta.
É lembrar o outro de tomar o remédio pra azia.
É quietude, confiança, certeza.
É cuidar da família do outro como se fosse a nossa. Porque É.
É ter o mesmo horizonte, embora o passo seja diferente.


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